terça-feira, 1 de setembro de 2009

9 de Março de 2008 - 16h35 - Última modificação em 9 de Março de 2008 - 16h59 Mulheres são destaque em universidades, afirma professor






Wilson Dias/ABr
Brasília - O professor de sociologia Brasilmar Ferreira, da UnB. Ele destaca o aumento da participação feminina nas universidades e no mercado de trabalho
Brasília - O professor de sociologia Brasilmar Ferreira, da UnB. Ele destaca o aumento da participação feminina nas universidades e no mercado de trabalho
Brasília - Cada vez mais numerosas nas universidades e no mercado de trabalho, as mulheres têm desempenho superior aos homens em muitas áreas de atuação, avalia o diretor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília (Unb), Brasilmar Ferreira Nunes.

Para ele, a mudança nos padrões sociais - como por exemplo na educação, antes direcionada às chamadas prendas domésticas e hoje mais voltada para assumir um lugar no mercado de trabalho - é um dos fatores que justificariam o destaque feminino.

“Socialmente, a mulher já é aceita no mercado de trabalho da mesma maneira que o homem. Ela é criada e socializada desde que vem ao mundo para buscar postos de trabalho. Isso não é específico da classe média. Em qualquer categoria social, as mulheres já são socializadas na perspectiva de no futuro exercerem uma profissão”, disse Nunes em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.

Segundo o professor, o melhor desempenho das mulheres pode ser observado em sala de aula. Além de participarem com mais dedicação, explica Nunes, as alunas têm mais facilidade para interagir em atividades em grupo.

“Percebo claramente em sala de aula que as alunas são mais dedicadas aos cursos e participam de trabalhos de grupo com mais facilidade. Curiosamente, elas são menos participativas em sala de aula e mais tímidas para expor idéias e opiniões. Percebo que elas são melhores nas provas escritas”.

Nunes também ressalta as vantagens do sexo feminino no acesso às instituições de ensino superior. “O que a gente observa é que as mulheres estão entrando mais cedo na universidade do que os homens. Elas são mais bem classificadas e entram mais jovens”.

A transformação do papel social das mulheres é uma das razões apontadas pelo professor para o sucesso na vida acadêmica.

“Há não muito tempo, elas eram preparadas para o casamento. Essa idéia acabou. Quando ela chega na idade de 17 anos, já está condicionada mentalmente para cursar uma universidade e disputar o mercado de trabalho. O fato de ela talvez se sentir um pouco mais cobrada pela sua condição, talvez faça dela uma aluna em algum sentido melhor do que os homens, falando em sentido geral”.

Possíveis dificuldades encontradas no momento da escolha profissional, entretanto, segundo o professor, não estão relacionadas à diferença de gêneros.

“Está evidente nos tempos atuais que a mulher do ponto de vista da freqüência nas universidades brasileiras e, acho que não só no Brasil, ela já entra na mesma condição do homem e sabe exatamente o que está querendo. Claro que tem aquelas dificuldades iniciais de saber se escolheu a carreira certa ou não, mas isso não é uma questão de [gênero]”.

Segundo Nunes, apesar de sobrepujar os homens em diversos aspectos ainda há no inconsciente coletivo feminino a idéia de que eles estão mais aptos para ocupar cargos públicos.

“Talvez ainda haja um resquício daquela idéia de que o espaço público ainda é masculino e, por mais que as mulheres tenham sido socializadas para disputar o mercado de trabalho, ainda há uma espécie de internalização de que aquele lugar é mais masculino do que feminino”.

Pesquisa divulgada na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, embora tenham mais tempo de estudo, as mulheres ainda recebem salários inferiores aos homens. De acordo com o estudo, o salário das trabalhadoras com nível superior equivale a 60% dos rendimentos dos profissionais do sexo masculino com o mesm
grau de instrução.


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