quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Pai denuncia "aprovação irregular" de filho por Conselho de Classe

Segundo o pai, o filho não tinha notas para passar de ano, mas foi aprovado pelo Conselho. Secretaria estadual de Educação nega que haja orientação para aprovação

06/01/2010 | 14:21 | Jornal de Londrina

O pai de um estudante do ensino médio em uma escola estadual de Londrina denunciou a "aprovação irregular" do filho. Segundo ele, o aluno não tinha notas para passar de ano, mas foi aprovado por Conselho de Classe. A secretaria estadual de Educação negou orientação para aprovação de alunos e disse que deve investigar o caso.

O adolescente, que não teve o nome divulgado, tirou nota 38 em física, 26 em matemática e 35 em geografia. “Umas notas como essas não era para passar de ano, mas para reprovar”, disse Claudemiro Nobre, pai do aluno, em entrevista ao PRTV 1ª Edição. O pai perdeu o sono com a nota dos dois filhos, que estão no ensino médio e passaram de ano, apesar da dificuldade de atingirem a média 60 nas escolas estaduais. A análise do boletim revelou que, para atingi-la, ainda faltavam 92 pontos em física, 93 em matemática e 72 em geografia. “Acho que no terceiro bimestre ele já estava reprovado”, revelou o pai.

RPC TV

Alunos passam de ano por Conselho de Classe

A aprovação dos estudantes foi feita no Conselho de Classe, que decide o futuro dos alunos que estão com notas baixas e prestes a reprovarem de ano. “Isso serve de incentivo para outros alunos. Muitos alunos devem deixar de estudar porque já sabem que vão passar de ano”, afirmou.

A chefe do Núcleo Regional de Ensino, Márcia Lopes, garante que não há orientação para que os professores passem os alunos de ano. “O conselho é soberano. Quando a criança vai para o conselho de classe, é para que a escola faça uma análise do aluno. A secretaria estadual de educação não trabalha com aprovação automática”, afirmou Márcia, em entrevista ao PRTV 1ª Edição.

Embora o NRE garanta não haver esse tipo de situação, há dentro das escolas pessoas que dizem justamente o contrário: o Conselho de Classe serviria para empurrar alunos sem condições de avançar nos estudos. Um professor, que dá aula em escolas estaduais há oito anos e não quis se identificar, afirmou que sempre recebe as mesmas orientações. “Tem que dar nota para o aluno, tem que empurrar o aluno, porque se segurar, não vai adiantar anda. Alguns diretores disseram que a vida ensina”, disse.

Segundo a secretaria estadual de educação, a análise do conselho de classe depende de cada caso e contexto, já que a história do aluno deve ser analisada especificamente. A superintendente da secretaria estadual de Educação, Alayde Digiovanni, afirmou que o caso relatado pelo pai em Londrina deve ser investigado. “Não há orientação de aprovação automática e não podemos deixar que a vida dê conta do aluno. Quem tem que dar conta somos nós. Se for o caso, podemos abrir processos administrativos”, disse.


Gazeta do povo 07/01/10 às 07:05

Nenhum comentário:

Postar um comentário