domingo, 30 de agosto de 2009
Política de cotas para mulheres na política tem
Política de cotas para mulheres na política tem
75% de aprovação
População conhece pouco a atual lei de cotas, mas acha que os partidos que não cumprem
a lei deveriam ser punidos
A maioria da população brasileira (75%) é favorável à política de cotas para mulheres na
política e apóia a punição dos partidos políticos (86%) que não cumprem a atual
legislação que prevê 30% de candidaturas femininas. Isso é o que revela a pesquisa
Ibope/Instituto Patrícia Galvão/Cultura Data, com apoio da Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres, realizada entre os dias 13 a 17 de fevereiro, com 2002
entrevistas em 142 municípios de todas as regiões do país.
A divulgação da pesquisa se insere nas celebrações do Dia Internacional da Mulher, e no
capítulo V do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, que prevê ações pela
ampliação da participação das mulheres nos processos de tomada de decisão e nas
instâncias de poder da sociedade brasileira.
Brasil fica desconfortável no ranking mundial
O Brasil conta, hoje, com apenas 8,9% de mulheres no Congresso Nacional, cerca de 12%
nas Assembléias Legislativas e 12% nas Câmaras Municipais. Segundo a União
Interparlamentar (UIP), organização internacional com sede em Genebra, na Suíça, o Brasil
ocupa a desconfortável 141a. colocação a respeito da presença de mulheres nos Parlamentos
Nacionais, num ranking de 188 países. Entre os países da América Latina, o país só fica à
frente da Colômbia.
Dentre os países da América Latina que adotaram políticas de cotas para mulheres o Brasil
apresentou o pior resultado: 8,9%. Na década de 90 as mulheres representavam 10,8% dos
parlamentos na América Latina. Uma década depois, após a adoção de políticas de cotas em
vários países, o índice saltou para 18,5%. Argentina e Costa Rica apresentaram os melhores
resultados: passaram de 6% e 14% para 38,3% e 36,8% respectivamente. Diferentemente
daqueles países, a lei de cotas brasileira, em vigor, não estabelece sanção para os partidos
políticos que não cumpram a legislação.
População ganharia com mais mulheres na política
Os resultados da pesquisa revelaram que a grande maioria dos brasileiros (83%) concorda
com a idéia de que a presença de mulheres no poder melhora a política nesses espaços;
75% admitem que só há democracia, de fato, se elas estiverem nos espaços de poder e 73%
confirmam que a população brasileira ganha com a eleição de um maior número de
mulheres. O apoio majoritário a mais mulheres na política ocorre em todos os segmentos da
amostra, tanto demográficos, como nas diferentes regiões do país.
CONCORDA Nem
concorda
nem discorda
DISCORDA
Totalmente/
Em parte
Totalmente/
Em parte
Amostra total – 2002 % % %
A presença de mulheres na política e
em outros espaços de poder e de tomada
de decisão resulta numa melhoria da
política e desses espaços
83 9 6
Só há democracia de fato com a
presença de mulheres nos espaços de
poder e de tomada de decisão
75 9 16
A população brasileira ganha com a
eleição de um maior número de mulheres 73 11 13
Os benefícios derivados de um número maior de mulheres na política são reconhecidos por
7 em cada 10 brasileiros. Segundo os entrevistados, elas trariam mais honestidade na
política (74%), mais compromisso com eleitores (74%), mais capacidade administrativa
(74%), mais competência na política (75%) e maior autoridade no desempenho público
(69%).
Base total da amostra 2002 AUMENTARIA NÃO
MUDARIA DIMINUIRIA
% % %
Competência na política 75 21 2
Honestidade na política 74 22 3
Compromisso com os eleitores 74 23 1
Capacidade administrativa 74 23 2
Autoridade 69 26 3
Maioria é favorável a incentivos para a igualdade na política
Os resultados da pesquisa revelaram que 8 em cada 10 brasileiros são a favor de medidas
legislativas que promovam igualdade política de gênero. Como era de se esperar, as
mulheres (83%) são mais favoráveis do que os homens (76%), os jovens (83%), mais do
que pessoas mais velhas (77%) e a classe média (81%), mais do que mais pobres (76%).
Base: total de
entrevistados
TOTAL SEXO FAIXA ETÁRIA CLASSE
Adoção de
medidas
legislativas
Masc. Fem. 16-24 25-29 30-39 40-49 50 + AB C DE
Bases (2002) (957) (1.045) (421) (260) (443) (380) (498) (478) (1020) (504)
% % % % % % % % % % %
Sim 80 76 83 83 82 80 79 77 82 81 76
Não 13 17 11 12 11 15 14 14 15 14 12
NS/ NR 6 7 7 5 7 6 7 10 3 5 13
Pergunta: Deveriam ou não ser adotadas medidas legislativas para alcançar igualdade política
entre homens e mulheres?
Confirmando a tendência de opinião em favor de uma situação mais igualitária na política,
8 em cada 10 brasileiros concordam com listas de candidaturas e com representação
proporcional entre homens e mulheres em todos os níveis do Legislativo. Dentre os
entrevistados, 55% concordam totalmente com a idéia de paridade e 25% concordam
parcialmente.
“AS MULHERES SÃO, HOJE, MAIS DA
METADE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA”
CONCORDA Nem
concorda
nem
discorda
DISCORDA
Totalmente Em
Parte
Totalmente/
Em Parte
Pensando nisso: % % % %
A lista de candidaturas dos partidos políticos
deveria ter metade de homens e metade de
mulheres
55 25 8 10
Deveria ser obrigatório que as Câmaras de
Vereadores, Assembléias Legislativas Estaduais
e o Congresso Nacional tivessem metade de
homens e metade de mulheres
55 23 9 12
Cotas tem amplo apoio, mas atual política é pouco conhecida
Apesar da demanda por maior participação das mulheres na esfera política, a legislação de
cotas, que garante uma participação de 30% nas listas de candidatos dos partidos, é
conhecida por apenas 24% dos brasileiros. As mulheres conhecem ainda menos (20%) do
que os homens (28%). No Nordeste, a taxa de conhecimento cai para 19%. A necessidade
de divulgação desta legislação é evidente, até para garantir sua efetiva aplicação pelos
partidos políticos.
Base: amostra total 2002 TOTA SEXO REGIOES
L Masc. Fem. Norte/Centr
o Oeste
Nordest
e
Sudest
e
Sul
Bases (2002) (957) (1.045) (280) (532) (882) (308)
% % % % % % %
NÃO SABIA 72 69 76 70 77 71 70
SABIA/ JÁ TINHA OUVIDO FALAR 24 28 20 25 19 26 27
NS/ NR 4 3 4 5 3 3 3
Pergunta: Você sabia ou já tinha ouvido falar que existe uma política de cotas que prevê que os
partidos políticos brasileiros devem ter 30% de suas vagas, para cada cargo eletivo, preenchidos
por candidatas mulheres?
A maioria dos brasileiros (75%) mostraram-se favoráveis à política de cotas. A pergunta
formulada explica aos entrevistados o conteúdo dessa política. A grande aceitação das cotas
confirma respostas encontradas em outras perguntas da pesquisa referentes ao apoio à
participação das mulheres na esfera política e reforça a percepção de que os processos
atuais discriminam as mulheres neste campo. Vale ressaltar que os moradores de pequenas
cidades são os mais favoráveis (84%) às cotas.
Base: total de entrevistados TOTAL SEXO REGIÃO PORTE DO MUNICÍPIO
Habitantes
Masc. Fem. Norte
Centro
Oeste
NE SE Sul Até 20mil 20 a
100
mil
Mais de
100 mil
Bases (2002) (957) (1.045) (280) (532) (882) (308) (252) (672) (1078)
% % % % % % % % % %
A favor 75 74 76 71 75 77 70 84 75 72
Contra 17 19 16 16 17 17 20 11 17 19
NS/ NR 8 8 9 12 7 6 9 5 8 8
Pergunta: Você é a favor ou contra essa política de cotas que prevê que os partidos políticos
brasileiros devem ter 30% de cada um dos cargos eletivos preenchidos por candidatas mulheres?
A idéia de punição aos partidos que não cumprem as políticas de cotas conta com a
concordância de 86% dos brasileiros. A concordância é total para 67% dos entrevistados e
parcial para 19%. Apenas 6% discordam de que a punição deva ser aplicada.
Os partidos que não cumprem com as cotas previstas nas leis eleitorais deveriam ser
punidos
Base: amostra total 2002 TOTA
L
SEXO REGIOES
Masc. Fem. Norte/Centr
o Oeste
Nordest
e
Sudest
e
Sul
Bases (2002) (957) (1.045) (280) (532) (882) (308)
% % % % % % %
Concorda totalmente 67 64 69 60 70 70 57
Concorda em parte 19 21 18 22 18 18 24
Nem concorda nem discorda 6 7 5 8 5 5 7
Discorda totalmente / em parte 6 7 4 9 3 6 10
NS/ NR 3 2 4 5 4 2 1
Pergunta: Eu vou ler agora uma frase que pode ser considerada como medidas para alcançar a
igualdade política entre homens e mulheres e gostaria que você me dissesse se concorda ou
discorda com ela.
Voto aberto para as mulheres
De forma mais seletiva ou não, 9 em cada 10 brasileiros afirmam que votariam em
candidatas mulheres. Para 59% dos entrevistados, a possibilidade de voto em mulheres não
tem restrições, votariam para qualquer cargo. Dentre os que selecionam cargos, o de
prefeita é o mais indicado (26%), seguido de vereadora (16%) presidente (14%) e
governadora (14%).
Quando o aspecto racial está envolvido, 77% indicam que votariam em um homem negro e
75% em uma mulher negra para qualquer cargo. O impacto da eleição de um presidente
negro nos Estados Unidos pode ter afetado as repostas dos brasileiros. De qualquer forma a
predisposição em votar em candidatos negros para qualquer cargo é maior do que em votar,
genericamente, em mulheres.
Possibilidade de votar em:
Base: total da amostra. Em % (Respostas múltiplas) Mulher Homem
negro
Mulher
negra
Votaria: 94 98 97
Prefeito (a) 26 14 14
Vereador (a) 16 7 9
Deputado (a) Estadual 10 6 7
Governador (a) 14 9 9
Deputado (a) Federal 7 4 6
Senador (a) 8 4 5
Presidente 14 12 10
Todos/ Qualquer cargo 59 77 75
Não votaria em nenhum deles 3 2 3
Pergunta: Você votaria em uma mulher / em mulher negra / homem negro? (Caso sim) para qual
ou quais cargos?
Maioria não se candidataria a um cargo público
A falta de predisposição de se candidatar, mesmo para um cargo público local, é alta.
Segundo a pesquisa, 72% dos entrevistados do sexo masculino não se candidatariam a
qualquer cargo e essa taxa sobe para 81% entre mulheres. As diferenças entre homens e
mulheres sugerem a existência de mais barreiras para estas do que para aqueles.
A imagem negativa dos políticos, fenômeno apontado em um grande número de pesquisas,
pode, em parte, explicar esta indisposição. Para o legislativo local, há uma fração de
entrevistados um pouco mais disponíveis (12%), mais homens (16%) do que mulheres
(8%).
Possibilidade de se candidatar a um CARGO PÚBLICO
TOTAL SEXO FAIXA ETÁRIA
Masc. Fem. 16-24 25-29 30-39 40-49 50 +
Bases (2002) (957) (1.045) (421) (260) (443) (380) (498)
% % % % % % % %
Não se
candidataria 77 72 81 73 73 75 78 83
Vereador (a) 12 16 8 12 15 14 13 7
Prefeito (a) 5 6 4 8 5 5 3 3
Deputado (a) Estadual 2 2 2 2 2 2 1 2
Presidente 2 2 2 2 2 1 1 2
Todos 2 2 1 1 2 2 2 2
Governador (a) 1 1 1 2 2 1 1 0
Deputado (a) Federal 1 1 1 1 2 2 1 1
Senador (a) 1 1 1 2 1 1 1 1
Qualquer cargo 1 1 1 2 1 2 2 1
Pergunta. Você pessoalmente se candidataria a algum cargo eletivo? (Caso sim) Para qual ou
quais cargos?
Nem mesmo a cargos de chefia
Apenas 7% dos entrevistados ocupam cargos de chefia ou de tomada de decisões, 6% em
empresas privadas. 9 em cada 10 brasileiros não têm cargos de chefia, tanto na esfera
pública como na de empresas privadas
Ocupação atual em cargo de chefia ou tomada de decisão
Base: total de entrevistados TOTAL SEXO FAIXA ETÁRIA
Masc. Fem. 16-24 25-29 30-39 40-49 50 +
Bases (2002) (957) (1.045) (421) (260) (443) (380) (498)
% % % % % % % %
Não ocupa cargo de
chefia 92 90 94 96 91 90 90 94
Empresa privada 6 8 4 4 7 8 7 4
Administração Pública
(municipal) 1 1 1 0 1 1 2 0
Pergunta: Atualmente você ocupa algum cargo de chefia ou tomada de decisão? (caso sim) Em
empresas privada ou pública?
Incentivo dos homens a candidaturas de companheiras
De acordo com a pesquisa, 61% dos homens afirmam que apoiariam a esposa ou
companheira a ocupar um cargo de chefia ou tomada de decisão. Este apoio se configura
mais claramente para disputas à vereança. A resistência ou indiferença chega a 29% dos
entrevistados homens
Base: entrevistados homens (957) TOTAL
Apoiariam suas mulheres a se candidatarem %
Sim 61
Não apoiaria 29
Depende do cargo/ NS/ NR 9
Base: entrevistados homens - apoiariam companheiras (623) TOTAL
Cargos eletivos para os quais incentivaria a
esposa/ companheira a se candidatar %
Vereadora 43
Prefeita 19
Qualquer cargo 13
Todos 12
Deputada Estadual 8
Governadora 5
Senadora 5
Deputada Federal 4
Presidente 4
NS/ NR 7
Pergunta: Você apoiaria/ incentivaria sua esposa/ companheira a ocupar um cargo de chefia ou
tomada de decisão? (Se sim) Qual cargo eletivo?
Mudanças esperadas em curto prazo
Para 9 em cada 10 brasileiros acreditam que novas leis ou normas possam ser adotadas
pelos governos para a promoção de igualdade entre homens e mulheres em vários aspectos
da vida familiar e no trabalho. A maioria dos que assim pensam espera que estas mudanças
ocorram em curto prazo – 5 anos.
Base: total de entrevistados 2002 DEVE OCORRER MUDANÇA
NÃO DEVE
OCORRER
MUDANÇA
NS/ NR
Curto
prazo
(5
anos)
Médio
prazo
(10
anos)
Longo
prazo
(20
anos)
Não se
deve fixar
prazos
AÇÕES QUE PODERIAM SER
ADOTADAS PELOS
GOVERNOS
% % % % % %
Leis que garantam a não
discriminação de mulheres com
responsabilidades familiares no
mercado de trabalho
62 13 7 10 3 4
Lei de guarda
compartilhada dos filhos 59 13 7 10 7 3
Garantia de serviços e
instalações de cuidados à
infância, como creches, por
exemplo, para homens pais
58 16 9 9 4 4
Ampliação da licença
paternidade 55 15 8 10 9 4
Leis que inibam a prática das
horas-extras para homens e
mulheres com responsabilidades
familiares
50 15 8 11 11 4
Pergunta: Agora eu vou ler algumas alternativas de ações que os governos podem tomar
para que homens e mulheres tenham responsabilidades iguais na vida familiar e no
trabalho. Acha que elas devem ou não ocorrer e em que prazo?
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