Por Jorge Serrão
A Rede Globo e a Folha de S. Paulo já tinham recebido informações privilegiadas, desde o começo do ano, de que o Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado de São Paulo promoveria um duro ataque contra a cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus. Ontem, o juiz Glauco Roberto Brittes, da 9ª Vara Criminal de São Paulo, abriu ação criminal contra o Bispo Edir Macedo Bezerra e mais nove dirigentes da IURD. Todos são acusados de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Os promotores paulistas questionam o uso dado pelos dirigentes da Universal do dinheiro arrecadado juntos aos fiéis entre março de 2001 e março de 2008. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (órgão do Ministério da Fazenda que fiscaliza a lavagem de dinheiro) constatou que a Universal movimentou R$ 8 bilhões em sete anos – somando-se transferências atípicas de dinheiro e depósitos bancários em espécie feitos por pessoas de confiança da IURD.
Os promotores Ewerton Luiz Zanella, Fernanda Narezi, Luiz Henrique Cardoso dal Poz e Roberto Porto, que assinam a denúncia contra a Igreja Universal, defendem a tese de que o dinheiro oriundo da fé é usado por Edir Macedo para comprar empresas, que visam a lucro, burlando a imunidade tributária concedida às igrejas – que não pagam impostos, sob proteção divina de nossa Constituição Federal.
O esquema
Segundo o Ministério Público, o dinheiro arrecadado junto aos fiéis era repassado pela Igreja Universal a duas empresas do grupo: Unimetro e Cremo, que remetiam os recursos para paraísos fiscais.
Lá fora, a Investholding (Ilhas Cayman) e Cableinvest (Reino Unido) reenviavam o dinheiro ao Brasil, na forma de empréstimos a nove pessoas da cúpula ou ligadas à Igreja Universal.
O dinheiro era usado para comprar empresas – principalmente de comunicação -, imóveis e aeronaves.
Os 10 investigados
Além do Bispo Edir Macedo Bezerra, outros nove membros da Universal são investigados pelo Ministério Público paulista:
Alba Maria da Costa, Edílson da Conceição Gonzáles, Honorilton Gonçalves da Costa, Jerônimo Alves Ferreira, João Batista Ramos da Silva, João Luiz Dutra Leite, Maurício Albuquerque e Silva, Osvaldo Sciorilli e Veríssimo de Jesus.
Todos são defendidos pelo advogado Arthur Lavigne que nega as acusações e adianta que seus cliente são alvo, novamente, de perseguição.
Os alvos internos
Os promotores escolheram duas empresas ligadas ao grupo da Universal para fazer a devassa.
A Unimetro Empreendimentos S/A e a Cremo Empreendimentos S/A.
Os promotores acusam ambas de serem empresas de fachada.
Os alvos externos
Lá fora, a investigação vai recair sobre as empresas Investholding Limited e Cableinvest Limited, que ficam nos paraísos fiscais das Ilhas Cayman e Ilhas do Canal (Reino Unido).
Outro alvo é a antiga estrutura do ABN (Banco Holandês Unido), que fica em Miami e Nova York, e que hoje pertenceria a Grupo Santander.
Também na mira a Cambio Val – uma das maiores casas de câmbio do Uruguai – que recebia dólares do sistema da Universal e trocava por dólares brasileiros.
Poder de arrecadar
A Receita Federal informou que a IURD arrecada, por ano, R$ 1,4 bilhão em dízimos dos fiéis.
O número foi descoberto porque as igrejas são obrigadas a declarar as doações, embora sejam protegidas por isenção tributária.
O Ministério Público questiona na ação uma movimentação suspeita de R$ 4 bilhões no total de R$ 8 bilhões arrecadados e movimentados entre março de 2001 e março de 2008.
Poderio da Universal
A Igreja Universal do Reino de Deus tem 23 emissoras de TV (Rede Record), 42 emissoras próprias de rádio e mais 36 rádios arrendadas (Rede Aleluia).
Também possui mais 19 empresas – sendo 4 de participações.
Controla os jornais Correio do Povo (RS), Hoje em Dia (MG) e Folha Universal.
Possui duas gráficas: Ediminas e Universal.
Tem duas empresas financeiras: Cremo Empreendimentos e Cableinvest.
Também pertencem à IURD as empresas: New Tour (turismo), Uni Corretora (Imobiliária), Line Records (gravadora), Frame (produtora de vídeos), Unitec Engenharia e Empreendimentos (construtora), Universal (fábrica de móveis) e Aliance Jet (empresa de táxi aéreo).
Fantasia?
O chefão Lula da Silva alega ser "fantasia" a declaração de Lina Maria Vieira, ex-chefe da Receita Federal, de que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) pediu que investigação do órgão nas empresas da família Sarney fosse concluída rapidamente.
Dilma negou ter tido encontro a sós com Lina e disse que nunca tratou do assunto com ela.
Lina garante que esteve com Dilma e rebate:
“Ela sabe que falou comigo”...
Obrando
Depois do palavrão do aliado Renan Calheiros, o senador Fernando Collor (PTB-AL) ressuscitou o estilo "bateu, levou" e apelou para palavras de baixo calão.
Na tribuna do Senado, disse que está "obrando" (defecando) na cabeça de um jornalista, a quem chamou de mentiroso.
Collor já avisou que só concede entrevistas para o pessoal do CQC ou do Pânico, já que eles, pelo menos, fazem graça com a notícia.
© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 11 de Agosto de 2009.
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