domingo, 23 de agosto de 2009

Quem reclama já perdeu!

Por Jorge Serrão



Conjuntura política para 2010? A previsão é de instabilidade, com muita pancada no decorrer do período eleitoral. Mas, no fim das contas, seja qual for o resultado da disputa presidencial, o eleito será mais um representante da Oligarquia Financeira Transnacional. Os controladores globais apostam em todos os cavalos da disputa. Ganham sempre! Perde o Brasil que tem aversão à soberania.

Os tucanos têm apoio do Diálogo Interamericano. O candidato governista recebe o beneplácito do Council on Foreign Relations. E uma terceira via – com o pretenso discurso ambientalista para inglês ver – ganha a bênção da velha Comissão Trilateral e da turma de Bilderberg. Além desta nada divulgada sustentação alienígena aos candidatos daqui, ainda temos uma eleição com urnas eletrônicas absolutamente inconfiáveis tecnicamente. O cassino do Corleone funciona a pleno vapor.

Nem bem a disputa começa para valer – se é que vale alguma coisa mesmo – e os petistas já alopram. Dilma Rousseff já está rifada. Dificilmente, a brizolista histórica será candidata. Se for, será égua paraguaia. Cabra marcada para morrer eleitoralmente no final do páreo. Se é que vai disputá-lo. Nos bastidores, com muito cuidado, se trabalha a alternativa Henrique Meirelles. Lula vê com bons olhos. José Dirceu – que se dá muito bem com Meirelles – também adora a proposta.

Meirelles preferia, agora, ser governador de Goiás. Eleição mais fácil. Mas se a Presidência cair no colo, ele aceita de bom grado. É um sonho antigo do super-presidente do BC do B. Pro Lugar dele, segundo boatos bem consistentes, já estaria escalado Aloízio Oliva. Ele mesmo! O senador bigodudo que dias atrás revogou o irrevogável. O filho do General que sonega, politicamente, o sobrenome do pai – que foi um famoso linha-dura, da dita-dura.

Aloízio mercadou-se com Lula. Valeu tudo para permanecer na liderança petista no desmoralizado Senado da República Corleônica. Talvez o problema daquela Casa seja mesmo para um eficiente e honesto barbeiro resolver. Navalha no bigode! Ainda mais que o chefão Lula já colocou as barbas de molho. Já teme uma pequena queda de popularidade. E, na Veja deste fim de semana, odiou ver o aviso do presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, prevendo que Lula não fará seu sucessor ou sucessora.

No fundo, Lula não liga para isso. A cabeça dele já está no ainda distante ano de 2014. Lula sai agora – se possível, com o máximo de popularidade, e espera retornar, nos braços do povo, a partir de 2015. O plano dele foi confidenciado em rodinhas fechadas por Sérgio Cabral Filho. O atual governador do Rio de Janeiro – que terá uma reeleição nada fácil ano que vem - avisou a amigos que pretende ser o vice de Lula no retorno triunfal em 2014.

Enquanto não trabalha diretamente na eleição dos seus aliados daqui, Lula esteve sábado no comício da campanha de reeleição do presidente boliviano Evo Morales – coleguinha do Foro de São Paulo. Para azar de Lula, houve um incidente diplomático. O pessoal do Itamaraty ficou doidão quando viu que os bolivianos, da região cocaleira de Chapare, colocaram no pescoço do presidente (vide a foto acima, oficial da Presidência da República) um lindo colar feito com folhas de coca. Na hora do discurso, os aspones fizeram Lula tirar a “homenagem”. Coisa de doido...

Lula repetiu seu viciado e agressivo discurso de ataque a uma oposição inconsistente. Reclamou que os poderosos no Brasil e na Bolívia não se conformam de ter um índio e um metalúrgico na presidência: “Todo santo dia no Brasil, Evo, somos desafiados a enfrentar a ira dos poderosos que não querem sair do poder. Eles não se conformam de ter um índio na presidência da Bolívia e um metalúrgico na presidência do Brasil”.

Antes da doideira política do colar de folha de coca no pescoço, Lula da Silva tentou minimizar a provável candidatura presidencial da senadora Marina Silva (que abandonou o PT). Lula acha que Marina não tira votos do eleitorado da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT. Para variar, usou suas analogias futebolísticas para justificar sua tese: “É muito difícil alguém dividir o eleitorado do PT. Acho que nem eu divido o eleitorado do PT. Petista é que nem flamenguista, que nem corintiano, não se divide nunca”.

Já que gosta de futebol, antes de falar tanta besteira, Lula devia se lembrar do velho comunista João Saldanha. O imortal “comentarista que o Brasil inteiro consagrou” (no bordão usado pelo narrador esportivo Jorge Cury) tinha uma frase de efeito para explicar toda essa reclamação de Lula. Entre uns goles e outros de bom uisquinho, Saldanha pontificava, repetindo por três vezes: “Quem reclama já perdeu... Quem reclama já perdeu... Quem reclama já perdeu!”


Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 23 de Agosto de 2009.

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