terça-feira, 18 de agosto de 2009

Família Magalhães, injuriada porque ACM foi chamado de “Coronel”, entra na guerra entre Globo e Record




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Por Jorge Serrão


O teatro de operações da guerra nada santa na mídia tupiniquim ganha novos personagens de peso. Não bastassem o Ministério Público paulista, a Globo, a Folha e o Estadão -, a Igreja Universal e a Rede Record arrumaram, gratuitamente, um inimigo poderoso: a Rede Bahia – um dos maiores grupos de comunicação do Nordeste. A família do falecido Antônio Carlos Magalhães odiou a malvadeza feita pelo programa Repórter Record, no último domingo, no qual ACM foi apresentado, ao lado de Roberto Marinho, como “um coronel”.

A tropa baiana já partiu para o ataque desde ontem. O objetivo é promover uma verdadeira devassa nos negócios locais do grupo do Bispo Edir Macedo, na Bahia. Foi dada uma ordem para uma verdadeira operação pente fino em todos os templos baianos da Universal, para identificar possíveis irregularidades que possam ser exibidas na televisão. Afinal, a TV Bahia (dos Magalhães) é uma das mais rentáveis e importantes afiliadas da Rede Globo. A afiliada baiana da Record, em Salvador, também será radiografada pelo grupo de mídia rival. Se tiver algo errado com a emissora, o problema vai virar notícia nos telejornais da Rede Bahia e no jornal Correio da Bahia.

Em vez de se defender objetivamente, dando respostas convincentes para os pontos nos quais a Igreja Universal foi atacada judicialmente, a Record prefere investir em perigosos ataques pessoais contra os dirigentes globais e os membros do Ministério Público de São Paulo. Dois membros da família Marinho – Roberto Irineu e José Roberto – devem ser os alvos preferenciais de próximos “programas especiais” elaborados pela emissora cujo proprietário é Edir Macedo Bezerra – líder máximo da Universal. Uma das intenções iniciais, antes dos ataques pessoais diretos, é questionar o patrimônio dos herdeiros de Roberto Marinho.

Contrataque

Já mostra que não foi boa a tática da Record de alvejar pessoalmente o promotor Roberto Porto – um dos quatro promotores que assina o pedido de investigação contra a IURD.

A Record cobrou explicações sobre a ligação afetiva de Porto com a juíza titular da 9ª Vara – na qual Edir Macedo e mais nove dirigentes da Universal são processados.

Ontem, o Ministério Público de São Paulo reagiu aos ataques. O MP informou, oficialmente, que não se intimidará e continuará investigando os negócios da Universal e da Record.

Solidariedade oficial

O procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, que assina a nota distribuída à imprensa, reforçou a "irrestrita confiança" no trabalho dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que investigaram o caso, ao mesmo tempo em que criticou o que chamou de "distorções dos fatos".

"O Ministério Público Estadual continuará exercendo seu papel constitucional, sempre respeitando o devido processo legal, e em hipótese alguma se deixará intimidar em razão de distorções dos fatos e insinuações perpetradas por quem quer que seja".

Vieira se reuniu ontem com os promotores Roberto Porto, Luiz Henrique Cardoso Dal Poz, Fernanda Narezi Pimentel Rosa e Everton Luiz Zanela, responsáveis pela investigação, para lhes prestar solidariedade.

A luta continua

A Igreja Universal divulgou ontem nota na qual afirma que pediu abertura de sindicância contra os promotores responsáveis pela denúncia.

A Procuradoria paulista argumenta que toda a investigação sobre a Universal foi realizada com base em fatos e elementos de prova que constam do inquérito policial instaurado para apuração dos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O MP ressalta que a denúncia foi aceita pelo juiz Gláucio Roberto Brittes, da 9 Vara Criminal da Capital.

Testemunha-chave

Será ouvido como testemunha-chave do processo o pastor Carlos Magno de Miranda, que em 1991 acusou a Igreja Universal do Reino de Deus de ter pago parte da Rede Record com suposto dinheiro de narcotraficantes colombianos.

O MPE quer ouvir o pastor - que era homem de confiança de Edir Macedo e depois rompeu com a Universal - sobre os métodos usados por Macedo e seus prepostos no esquema de lavagem do dinheiro.

Depois de se desentender com Edir Macedo em 1991, o pastor Carlos Magno de Miranda denunciou que a segunda parcela da compra da Rede Record teria sido paga com recursos de traficantes colombianos do Cartel de Cáli.

Ridícula?

O advogado da Universal e dos acusados no processo por lavagem de dinheiro, Arthur Lavigne, classificou ontem de "ridícula" a denúncia de que parte do dinheiro usado para pagar a TV Record veio de traficantes colombianos:

Essa história é ridícula. Tem mais de dez anos e nunca se comprovou”.

Miranda será mesmo ouvido pelo juiz Glaucio Roberto Brittes de Araújo – para negar ou confirmar a versão.

Sobre o assunto “Drogas”, leia o artigo de Arlindo Montenegro: A quem possa interessar

Outra guerra midiática

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), acusou o jornal Estado de S. Paulo de estar empenhado em uma "campanha sistemática" e de adotar "prática nazista" contra ele.

Sarney acusou o Estado de ser "um tabloide" atrás de “escândalo para vender".

Em discurso no Senado, Sarney reagiu contra à notícia, publicada no domingo pelo Estadão, segundo a qual a empreiteira Aracati/Holdenn comprou dois dos três apartamentos usados pela família Sarney em São Paulo.

O dono da empresa é amigo dos filhos de Sarney.

Nega tudo

O senador alegou que um dos apartamentos foi comprado pelo filho.

Mas nada falou sobre o outro imóvel nem explicou a relação da família com a empreiteira, em nome da qual estão os dois apartamentos.

Citando o direito à privacidade, o senador disse que nem ele nem os demais parlamentares devem explicações "sobre a compra de qualquer coisa que usem na vida".

Péssima reação

Inimigo sarneysta de plantão, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) defendeu o Estadão dos ataques:

"O Estado de S. Paulo é um patrimônio deste país. Não posso aceitar silenciosamente as agressões feitas ao jornal".

Simon voltou a defender o afastamento de Sarney – que não larga o osso.

Cobrança

O presidente do STF, Gilmar Mendes, pediu "celeridade" do Judiciário para decidir sobre a censura ao Estadão, proibido pelo desembargador Dácio Vieira, do TJ-DF, de divulgar investigação sobre Fernando Sarney:

"Não é razoável que se dê uma liminar e se espere tanto tempo. O tribunal tem de se pronunciar".

A Associação Nacional dos Jornais divulga hoje um relatório com 12 casos de censura, entre os quais o do Estado.

Sarney, fora da Aman

O Professor Doutor Luiz Carlos Jacob Perera – major R1 do EM e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, mandou ontem um e-mail contundente ao General Edson Leal Pujol, comandante da Academia Militar das Agulhas Negras.

Foi para criticar que a Aman, ignorando toda a podridão que a imprensa pública diariamente, convidou Sarney para participar da tradicional cerimônia de entrega de espadins aos alunos daquela escola militar.

José Sarney vai odiar o conteúdo do e-mail.

Confira a íntegra do texto:

Gen Bda EDSON LEAL PUJOL,

Como se sentiria Osório sabendo que Sarney é o homenageado de honra na entrega dos espadins aos cadetes da Turma que homenageia o bicentenário de seu nascimento?

Certamente diria como eu: "Repudio a presença de Sarney como convidado de honra na solenidade de entrega do espadim aos Cadetes da AMAN".

Podemos começar discutindo o que é um "convidado de honra". Alguém que nos honra com sua presença? Alguém cuja dignidade merece o nosso respeito? Alguém que nos dá exemplo de coragem, de virtude e de probidade?

Nós, pessoas maduras que buscam a informação isenta, sabemos Sarney não representa nada disto. Ao contrário, é o exemplo de tudo aquilo que ojerizamos, que nos causa repulsa e desprezo. De tudo aquilo que gostarímos de ver riscado e definitivamente apagado da nossa história política, por nos causar vergonha ante o povo brasileiro e a comunidade internacional.

Nós, Oficiais do Exército, ficamos extremamente envergonhados ao saber que colegas nossos, que deveriam estar comprometidos com a formação do caráter dos atuais Cadetes e futuros Oficiais do nosso Exército, vêm a público convidar Sarney como homenageado de honra.

Quem lhes deu autoridade para ignorar todos os crimes contra a honra e a dignidade cometidos por este político vendilhão da Pátria?

Que a classe militar ignore, que não proteste, que aguarde os efeitos tárdios de nossa justiça, até admite-se, por imposição de uma Lei Maior, mas apologizar essa figura como exemplo para nossa juventude é um crime contra os princíos éticos e morais de uma Nação.

Em nome da vergonha e da honra, retire esse convite e restaure a credibilidade da classe militar. Caso isto não aconteça, confesso que ficarei envergonhado de tê-lo como companheiro de farda, pois tal atitude compromete a conduta de uma classe que deve ser exemplo de abnegação, conduta ilibada e baluarte moral da Nação.

Desafio

O presidente Lula desafiou ontem a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira a mostrar sua agenda e provar que se encontrou com a ministra Dilma Rousseff.

Dilma nega o encontro - no qual, segundo Lina, teria pedido pressa na investigação sobre as empresas da família Sarney.

Para Lula, o debate sobre o caso empobrece a política, e o país tem assuntos mais sérios a tratar.

Dia D

O chefão Lula questionou:

"Qual a razão que essa secretária tinha para dizer que conversou com a Dilma e não mostrar a agenda? Só tem um jeito: abrir a mala em que ela levou a agenda e mostrar a agenda para todo mundo".

Lina será ouvida hoje na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Vida que segue...

Ave atque Vale!

Fiquem com Deus.

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