sábado, 31 de outubro de 2009

Passageiro de avião da FAB salvou colegas

31/10/2009 - 12h38

Passageiro de avião da FAB salvou colegas, mas afundou, diz relato de sobreviventes

Do UOL Notícias*
Em São Paulo
Os relatos dos sobreviventes do acidente com o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) na região da Amazônia indicam que um dos passageiros, ainda desaparecido, foi um herói. O suboficial Marcelo dos Santos Dias, mecânico do avião, teria salvo a vida de várias pessoas que estavam no voo, mas não conseguiu se salvar - perdeu as forças e afundou junto com a aeronave, que fez um pouso forçado em um rio. As informações são do jornal "O Estado de S.Paulo". Dos 11 ocupantes da aeronave, nove sobreviveram e dois ainda são procurados pela FAB.
  • Arte UOL

Os seis civis resgatados com vida são funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e foram levados ao Hospital Geral do Juruá, em Cruzeiro do Sul (AC). Lá, relataram ao diretor técnico do hospital, Marcos Melo, o momento do acidente.

Segundo Melo, os relatos eram confusos, já que os sobreviventes estavam muito transtornados por tudo o que passaram nas 24 horas em que permaneceram na selva. Mas, pelo que ele pode entender, os atos de heroísmo se referiam ao suboficial. As vítimas receberam alta na manhã deste sábado.

Os outros três sobreviventes -- o piloto e dois militares-- foram atendidos por médicos militares e já retornaram para Manaus, onde foram recebidos por familiares e amigos, de acordo com nota do Comando da Aeronáutica.

De acordo com os relatos dos civis, depois de ajudar várias pessoas, Marcelo dos Santos Dias teria ficado preso no avião após a correnteza ter fechado a porta, impedindo sua saída. O suboficial ainda teria tentado sair pela frente da aeronave.
  • Aureo Neto/Parceiro/Agência O Globo

    Sobreviventes recebem atendimento médico ao chegarem à cidade de Cruzeiro do Sul (AC)


O outro passageiro que não foi encontrado é João Abreu Filho, técnico da Funasa, que teria ficado preso no avião e morrido afogado.

Segundo o doutor Marcos Melo, todos os seis pacientes atendidos no hospital "estavam muito abalados, mas bem". Ele declarou ainda que "eles estavam todos muito ferroados pelos insetos comuns da floresta e muito famintos pois ficaram muito tempo, mais de 24 horas na selva".

Exames foram feitos durante a noite e madrugada. Três pacientes tiveram fraturas leves e devem receber acompanhamento médico mensal. Todos estão lúcidos e conversando, inclusive uma das sobreviventes que está grávida.

Os sobreviventes são: os militares tenente Carlos Wagner Ottone Veiga, tenente José Ananias da Silva Pereira e sargento Edmar Simões Lourenço; e os civis Josiléia Vanessa de Almeida, Maria das Graças Rodrigues Nobre, Maria das Dores Silva Carvalho, Marina de Almeida Lima, Diana Rodrigues Soares e Marcelo Nápoles de Melo.

O monomotor Cessna C-98 Caravan, que fazia o trajeto entre as cidades de Cruzeiro do Sul (AC) e Tabatinga (AM), desapareceu na manhã de quinta-feira (29) e foi encontrado por índios na sexta-feira. A aeronave fez um pouso forçado no rio Ituí, no Estado do Amazonas, e foi encontrado dez milhas fora de sua rota.

O avião transportava técnicos da Funasa que faziam o trabalho de vacinação em aldeias indígenas do vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas.

Buscas
A aeronave, submersa, já foi localizada por mergulhadores da Aeronáutica e do Exército, que participam das buscas. "No momento, a recuperação do avião não é nossa prioridade. Já sabemos onde ele está, mas vamos nos concentrar em procurar as duas pessoas que ainda não foram localizadas", declarou Jorge Cruz de Souza e Mello.

As operações aéreas de busca foram retomadas hoje pela manhã. Uma clareira já foi aberta no local e as equipes contam com botes e equipamentos de mergulho. Durante a madrugada deste sábado, quatro militares da FAB continuaram a operação por terra e no rio Ituí, com ajuda de equipes do Exército, da Marinha, do Corpo dos Bombeiros de Cruzeiro do Sul (AC) e de índios da tribo Marubo.

Investigações
A FAB já começou as investigações sobre as causas do acidente. Os pilotos da aeronave já foram ouvidos extraoficialmente, mas as causas da queda ainda não foram divulgadas. O major-brigadeiro Jorge Cruz de Souza e Mello não deu informações sobre os primeiros depoimentos. Ele disse que o resultado final das investigações pode demorar até um ano para ser concluído.

Mello disse que um oficial especializado em investigação de acidentes aéreos foi enviado a Cruzeiro do Sul para ouvir os tripulantes da aeronave localizados pelas equipes de resgate: o primeiro tenente Carlos Wagner Ottone Veiga, o segundo tenente José Ananias da Silva Pereira e o primeiro sargento Edmar Simões Lourenço.

O major-brigadeiro disse que os tripulantes terão de dar outro depoimento, este oficial, para uma comissão que será formada nos próximos dias e que irá investigar as causas do acidente.

Questionado sobre a possibilidade de uma pane mecânica, já que as condições climáticas na região e no momento do voo eram favoráveis, Mello foi cauteloso. "Seria leviano de minha parte dizer ou insinuar que o acidente aconteceu por pane mecânica. Ainda é prematuro, mas o caso será esmiuçado", explicou.

* Com informações do colaborador especial em Manaus, da Agência Estado e da Agência Brasil
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/10/31/ult5772u5888.jhtm 31/10 13:55h

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