sábado, 17 de julho de 2010

Paraná tem 10 homicídios por dia

Paraná tem 10 homicídios por dia

Dados do Mapa do Crime revelam que 1.795 pessoas foram assassinadas no primeiro semestre desse ano. Uma alta de 20% em relação a igual período de 2009

Publicado em 17/07/2010 | Diego Ribeiro e Jorge Olavo

Dez pessoas foram assassinadas por dia no Paraná, em média, entre janeiro e junho de 2010. Os números da criminalidade no estado no segundo trimestre deste ano foram divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp). A polícia registou 1.795 homicídios dolosos (com intenção de matar) em todo o estado até 30 de junho, um aumento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Em Curitiba, o avanço foi ainda maior: 35%. Foram 404 assassinatos nos primeiros seis meses do ano contra 299 no mesmo período do ano passado.

Alarmantes, os dados preocupam até mesmo os especialistas em segurança. “Esses números mostram que a situação saiu do controle do poder público”, afirma o sociólogo e ex-secretário da Segurança Pública de Minas Gerais, Luís Flávio Sapori. Se­­gundo ele, o governo tem que tomar medidas imediatas para combater o problema em curto prazo. Para Sapori, o foco da polícia deve ser a repressão ao uso de arma de fogo, com fiscalização intensiva.

No litoral, aumento foi de 62% no número de mortes

Na semana em que o assassinato da psicóloga Telma Fontoura chocou a população do litoral paranaense, os novos dados do Mapa do Crime revelam que o total de homicídios nas praias superou as médias de Curitiba e do Paraná. A região litorânea, formada por sete municípios, registrou um aumento de 62% no número de homicídios no primeiro semestre deste ano. Foram 68 mortes contra 42 no mesmo período em 2009.

As causas da criminalidade no litoral são as mesmas do restante do estado: drogas e falta de efetivo. Na região, a questão se agrava ainda devido ao abandono após a temporada de verão.

O delegado-chefe da Divisão de Policiamento do Interior, Luís Alberto Cartaxo, acredita que as condições devem melhorar com a contratação, em breve, de 516 novos policiais. Segundo ele, há ainda mais 3 mil candidatos que passarão por testes físicos e poderão ser chamados em 2011 para compor as delegacias do estado.

Como a maior parte dos ho­­micídios no Paraná tem relação direta e indireta com o tráfico de drogas, segundo a polícia, é fundamental que este crime seja reprimido com mais rigor. Além disso, o especialista cita mais dois fatores essenciais para frear a crescente taxa de homicídios: aumento do efetivo policial e o fim da impunidade. “É preciso que os homicidas sejam presos imediatamente. Isso manda uma mensagem aos criminosos e o homicídio tende a cair”, explica.

Falta de efetivo

Um dos principais problemas da segurança pública no Paraná é a falta de efetivo das polícias. Fato que já foi até reconhecido pelo próprio secretário da Segurança, coronel Aramis Linhares Serpa. A reportagem descobriu que há mais de cem inquéritos parados no 13.º Distrito Policial de Curi­tiba por causa falta de pessoal, fato que demonstra o descaso com a investigação.

A defasagem nas equipes contribui de forma considerável para o avanço da criminalidade, segundo Sapori. “Na medida em que há déficit na polícia, o nível de impunidade fica alto no Paraná. Isso estimula o crescimento da violência”, ressalta. Na avaliação do ex-secretário mineiro, o Paraná deveria seguir os exemplos de São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco, estados que reforçaram a atenção nas questões citadas por ele e que conseguiram reduzir as taxas de homicídio.

Para o representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Dálio Zippin, o sucateamento na área de perícia da polícia é uma questão grave que deveria ser revista pelo governo do estado com prioridade ao lado do aumento do efetivo. “Tem gente capaz, mas em pouca quantidade e há falta de material e equipamento na perícia”, afirma.

Quando os números de homicídios são comparados entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano, o índice reduz em 31,6% no estado. Em Curitiba e na região metropolitana, a queda foi de 18,2%. Procurado pela reportagem, o secretário Serpa informou, via de assessoria de imprensa, que não concederia entrevistas sobre os dados.

Patrimônio

O novo relatório da Sesp mostra que no primeiro semestre deste ano houve queda no total de crimes contra o patrimônio em relação ao mesmo período de 2009. Enquanto 82.159 casos como roubos de carro, assaltos a residências, estelionatos, furtos e depredações foram registrados até junho do ano passado em todo o Paraná, o total na primeira metade de 2010 chega a 77.234, uma queda de 6%. Curitiba e região metropolitana concentram mais da metade (53,9%) dos registros do estado.

Gazeta do povo 17/7/10 às 09:24h

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