sexta-feira, 2 de julho de 2010

Mulheres ganham nova fórmula para frequência cardíaca



Mulheres ganham nova fórmula para frequência cardíaca

Tabela utilizada há 40 anos para orientar programas de treinamento físico não vale para a fisiologia feminina

Estudo americano diz que, nas mulheres, os batimentos máximos por minuto são menores do que nos homens

Carlos Ceconello/Folhapress

A maratonista Rosa Aparecida Corrêa, 51, treina na academia Fórmula, em São Paulo

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A fórmula clássica para calcular a frequência cardíaca (batimentos por minuto) máxima e nortear exercícios não serve para mulheres.
É o que concluiu um grupo da Universidade Northwestern, em Chicago, que há 18 anos estuda o coração do público feminino.
Há 40 anos, a frequência cardíaca máxima (FCM) é definida por uma conta simples: 220 menos a idade da pessoa. O resultado condiz com o que foi observado em pesquisas populacionais.
O problema é que a participação de mulheres nessas antigas pesquisas era mínima. Por isso, os dados não são precisos, diz a coordenadora do novo estudo, a cardiologista Martha Gulat.
Em entrevista à Folha, Gulat diz que a fórmula deve se tornar padrão. "Não somos "homens em tamanho menor", e até hoje não havia dados sobre mulheres em relação à frequência cardíaca. Fizemos um grande estudo e as evidências são muito fortes."
Publicado no "Circulation", da Sociedade Americana do Coração, o estudo incluiu 5.500 mulheres. E concluiu que a FMC da mulher é entre oito e dez batimentos/ minuto menor do que a do homem da mesma idade.
"Sabendo sua FCM de forma precisa, a mulher pode atingir os objetivos pretendidos com o treino", diz Gulat.
A cardiologista também diz que o novo padrão permite diagnósticos mais realistas no teste de esforço (eletrocardiograma na esteira).
Segundo Turíbio Leite, professor de medicina do esporte da Unifesp, esse é o primeiro estudo avaliando diferenças de gênero na FCM. "Tem fundamento, mas não sei como será a aplicação."
A maior dificuldade, segundo Gulat, é fazer o cálculo: 206 menos 88% da idade. "Uma calculadora resolve. Estamos preparando um aplicativo para iPhone e internet", conta ela.

POUCOS ESTUDOS
"A mulher não se iguala ao homem no desempenho físico. Há poucos estudos específicos para elas", concorda o cardiologista e médico do esporte Nabil Ghorayeb.
Para Ghorayeb, montar treinos baseados em índices femininos é interessante, mas é preciso mais pesquisa para validar a nova fórmula.
Cláudio Silva, presidente da Associação Brasileira de Academias, diz que o ideal seria incorporar já esses dados. "Os fabricantes poderiam imprimir as novas tabelas nos aparelhos", diz.
Hoje, muitas esteiras têm no painel um quadro com as frequências cardíacas segundo a fórmula que não diferencia homens e mulheres.
Embora haja um desvio padrão, a frequência máxima obtida por fórmula é fixa para cada ano de vida. O condicionamento permite que a pessoa aumente a intensidade da atividade sem ultrapassar a "zona-alvo" do treino. São frequências entre 65% e 85% da máxima, que atendem a diferentes objetivos.

FOLHA.com
Leia reportagem sobre lesões em academias
folha.com.br/eq760388

uol noticias 2 /7/2010 às 22:25h

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