quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Saúde mental sofre com a violência urbana no Brasil


Estudo sobre stress pós-traumático



O coordenador do estudo Evandro Coutinho
O coordenador do estudo Evandro Coutinho






As doenças mentais são o grande fator para a redução da qualidade de vida e uma das sequelas da violência urbana, revela uma investigação realizada pelo Laboratório Integrado de Pesquisa sobre o Stress, no Rio de Janeiro. “A saúde mental passou a ocupar um papel relevante na qualidade de vida da população”, disse à Lusa o epidemiologista especializado em saúde mental, Evandro Freire Coutinho, da Escola Nacional de Saúde Pública ligada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O estudo sobre o impacto da violência na saúde mental da população brasileira é uma iniciativa integrada de diversas instituições de pesquisa que avaliam indicadores de stress associado à violência e que geram o chamado Transtorno de Estresse Pós-Traumático.


Esta investigação prevê estudos que estão a ser realizados entre a população adulta das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, também tropas brasileiras que foram enviadas para o Haiti , além de equipas de resgate do Corpo de Bombeiros.
Sob a coordenação de Freire Coutinho, alguns estudos já apresentam resultados preliminares que indicam que o histórico de violência na infância compromete “acentuadamente” a pessoa ao lidar com situações de ameaça no futuro. Este é o resultado de um relatório elaborado após investigação a quatro mil pessoas em situações de violência mais recorrentes nas grandes cidades brasileiras.
Cena do filme-documentário «Ônibus 174»
Cena do filme-documentário «Ônibus 174»
“Pessoas que viveram traumas na infância, de violência física e abuso sexual, têm maior propensão a desenvolver Tept se expostas a situações de violência no futuro. Este é um fator desestabilizador”.
Segundo o investigador, este dado deve incorporar e direcionar as políticas públicas no serviço de atendimento a crianças e adolescentes que tenham sido alvo de violência: “Elas têm alterações marcadas na fisiologia do cérebro o que gera danos mentais e vulnerabilidade”.
Além disso, Freire Coutinho ressalta que pessoas com “traços mais negativos”, mais pessimistas com uma visão negativa da vida, podem desenvolver futuramente transtornos se expostas a situações de risco e violência com mais facilidade do que pessoas “mais otimistas”.
Esta informação, segundo o cientista, pode ajudar também na seleção de militares que integram forças de paz.
A investigação coordenada entre diversos centros universitários do Rio de Janeiro e São Paulo já tem há quatro anos.
Estudos sistemáticos na área de saúde mental são de 15 anos no Brasil, mas, segundo os investigadores, já apresentam perspectivas para a compreensão de causas e efeitos dos transtornos mentais na população, principalmente nos grandes centros urbanos brasileiros.

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=34296&op=all 12/11 22:00h

Em baixo, a reportagem do "ônibus 174", que foi a base do filme-documentário «Ônibus 174» que retrata a violência urbana no Brasil.

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