sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Diferença ainda brutal entre homens e mulheres !!

Vozes das Mulheres do Brasil - programa 1

Primeiro programa da série "Vozes das Mulheres do Brasil".

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Railda Herrero e Mario de Freitas

No Brasil, as estatísticas mostram que os salários das mulheres vêm aumentando significativamente. No entanto, ao se fazer uma regra de três simples, projetando os dados oficiais, serão necessários 87 anos para superar a diferença salarial entre homens e mulheres no país.

Apesar de um ano a mais de escolaridade, as mulheres no mercado de trabalho ganham menos que os homens. E ainda têm de arcar com o cuidado das crianças, dos idosos e doentes nos lares.

Estatísticas comprovam que as mulheres gastam o dobro ou o triplo do tempo com tarefas domésticas. Dados oficiais também comprovam que uma em cada quatro mulheres sofre com a violência doméstica. Mas não mostram a face do abuso sexual de meninas vítimas da pedofilia impune.

Indicadores das diferenças

  • No Brasil 50% da mão-de-obra economicamente ativa estão representadas pelas mulheres. No entanto, elas ocupam menos de 10% dos cargos políticos existentes.
  • Nos últimos 15 anos o número de famílias chefiadas por mulheres aumentou de 19,7%, em 1993, para 33%, em 2007.
  • Pesquisas e estatísticas comprovam o que se vê de Norte a Sul do país. Dados oficiais sobre o retrato das desigualdades de gênero e raça apontam que nos últimos 14 anos, houve uma queda nas diferenças entre homens e mulheres no país.
  • Mas há ainda muito por fazer. Desde 1993, entre a população de mais de 16 anos ocupada, as mulheres têm um ano a mais de estudos que os homens. No entanto, ainda sofrem mais com o desemprego, e as que estão empregadas ganham menos que eles.
  • Apenas 17% dos cargos executivos das 100 melhores empresas para trabalhar no Brasil são ocupados por mulheres.
  • Além das diferenças salariais entre homens e mulheres, quando a cor não é a branca, os índices pioram. Enquanto as mulheres brancas ganham, em média, 62,3% do que ganham homens brancos, as mulheres negras ganham 67% dos homens do mesmo grupo racial. Se comparados os salários das mulheres negras, em relação aos homens brancos, elas têm rendimento de apenas 34% da média deles.
  • Ser empregada doméstica ainda é no Brasil do século 21 o emprego mais comum para a mulher negra. A cada cinco negras, uma é doméstica.
  • Segundo o IBGE, a desigualdade de renda entre homens e mulheres decorre das injustas divisões dos papéis. Dentro da família, ainda cabem às mães os cuidados com filhos, idosos e doentes.
  • O homem brasileiro apóia a ida da mulher para o mercado de trabalho. Mas apenas 6,1% dividem as tarefas domésticas com elas.
  • As mulheres pegam mais pesado e muito mais horas do que os homens no trabalho doméstico. Em geral mais que o dobro ou três vezes mais, mesmo quando elas trabalham 40 horas ou mais fora de casa.
  • A dupla jornada ainda é a realidade da mulher brasileira, ainda com a melhora de escolaridade e maior inserção no mercado.
  • Por ter menos obrigações - os homens estão mais satisfeitos com a vida de casado do que as mulheres. Entre eles o índice de satisfação é de 54%. A satisfação delas está dez pontos abaixo: 44% das brasileiras estão felizes com a vida a dois.
  • Duas em cada três brasileiras (65%) avaliam que a vida das mulheres melhorou "nos últimos 20 ou 30 anos", percepção que cresce com o aumento da renda familiar.

Violência doméstica

No Brasil, uma entre quatro mulheres é vítima de violência doméstica. Mesmo assim, apenas 2% das queixas resultam em punição. Setenta por cento das mulheres assassinadas foram vítimas dos próprios companheiros.

Nas capitais brasileiras, 44% dos homicídios de mulheres são cometidos com arma de fogo. Dois terços dos casos têm como autor o próprio marido ou companheiro.

O Disque 180 registrou, no ano passado, 260 mil queixas de violência doméstica. O número foi recorde, mas não quer dizer que a violência aumentou, mas que ela está saindo do lado obscuro da casa.

Um dado extremamente importante, revelado nessas denúncias, segundo a Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), é o registro das que se queixam de que sofrem a violência denunciada repetidamente, todos os dias.

Como as mulheres que vivem no campo ou na floresta são as que enfrentam maiores problemas e tiveram menos atenção, a SPM decidiu fazer uma campanha especial para essas vítimas. A campanha, que trabalha com o conceito "mulheres donas da própria vida", deve ficar no ar nos próximos dois anos. "A mulher é quem decide seu destino, a partir dessa decisão é capaz de enfrentar a violência", complementa a ministra Nilcéa Freire.

Lei Maria da Penha

A biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, está na cadeira de rodas há mais de duas décadas, vítima da violência do marido. Esperou quase vinte anos para o ex-marido ser incriminado pela tentativa de assassinato. Para garantir justiça teve de denunciar o Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA).

Maria da Penha tornou-se símbolo da luta contra a violência doméstica. Por isso, a lei de 2006, que garante pena mais pesada em caso de violência contra a mulher, leva seu nome. Sem desistir nunca de lutar por justiça, com duas filhas para criar, arregaçou as mangas e participa ativamente de movimentos para punir a violência doméstica contra a mulher.

A inspiradora da lei para punir a violência doméstica dá um recado àquelas que aceitam a violência porque estão apaixonadas ou têm pena do homem: "A vítima nunca é assassinada já na primeira vez. Por isso, nunca se deve aceitar a agressão." Maria da Penha recorda que, no relacionamento, as agressões são recados que indicam que a situação vai piorar e deve ser mudada. O relacionamento tem que ser de igual para igual".

http://www.rnw.nl/pt-pt/portugu%C3%AAs/article/diferen%C3%A7-ainda-brutal-entre-homens-e-mulheres

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