terça-feira, 5 de outubro de 2010

Boa parte dos novos deputados eleitos no domingo é de representantes de famílias tradicionais da política paranaense

Assembleia do PR se renova com nomes “velhos”


05/10/2010 | 00:07 | Rogerio Waldrigues Galindo - Colaborou Euclides Lucas Garcia

A Assembleia Legislativa do Paraná terá um terço de novos deputados a partir do próximo ano. Dos 54 deputados, 18 não haviam sido eleitos para o cargo. No entanto, isso não quer dizer que tenha havido uma renovação significativa do perfil da Casa: quase metade da renovação se deve à prática de famílias tradicionais da política paranaense que estão colocando novos representantes no Legislativo.

Dos 18 novos parlamentares, oito têm laços de parentesco claros com outros deputados ou políticos conhecidos do estado. O próprio presidente da Assembleia, Nelson Justus (DEM), comentou ontem o tema. “A renovação foi normal, dentro do esperado. A novidade desta vez foi a eleição de um grande número de filhos de políticos tradicionais, que substituirão os pais”, afirmou.

Deputados estaduais

Veja a lista dos novos parlamentares estaduais do Paraná:

Reeleitos

Ademar Traiano (PSDB), Ademir Bier (PMDB), Alexandre Curi (PMDB), Artagão Júnior (PMDB), Augustinho Zucchi (PDT), Caíto Quintana (PMDB), Cheida (PMDB), Douglas Fabricio (PPS), Dr. Batista (PMN), Durval Amaral (DEM), Elio Rusch (DEM), Ênio Verri (PT), Fabio Camargo (PTB), Fernando Scanavaca (PDT), Francisco Bührer (PSDB), Jonas Guimarães (PMDB), Kielse (PMDB), Luciana Rafagnin (PT), Luiz Accorsi (PSDB), Marcelo Rangel (PPS), Mauro Moraes (PSDB), Nelson Garcia (PSDB), Nelson Justus (DEM), Nereu Moura (PMDB), Ney Leprevost (PP), Osmar Bertoldi (DEM), Pastor Edson Praczyk (PRB), Péricles de Mello (PT), Plauto Miró (DEM), Reni Pereira (PSB), Romanelli (PMDB), Stephanes Junior (PMDB), Tadeu Veneri (PT), Teruo Kato (PSDB), Valdir Rossoni (PSDB), Waldyr Pugliesi (PMDB).

Parentes de políticos

André Bueno (PDT), Anibelli Neto (PMDB), Cesar Silvestri Filho (PPS), Evandro Junior (PSDB), Hermas Brandão Junior (PSB), Marla Tureck (PSC), Pedro Lupion (DEM), Rose Litro (PSDB)

Evangélicos

Cantora Mara Lima (PSDB), Gilson de Souza (PSC).

Comunicadores

Gilberto Ribeiro (PSB), Roberto Aciolli (PV).

Outros

Adelino Ribeiro (PSL), Nelson Luersen (PDT), Paranhos (PSC), Professor Lemos (PT), Rasca (PV), Toninho (PT).

Saem

Antônio Anibelli (PMDB), Antonio Belinati (PP), Beti Pavin (PMDB), Chico Noroeste (PR), Cida Borghetti (PP), Dobrandino da Silva (PMDB), Duílio Genari (PP), Edson Strapasson (PMDB), Elton Welter (PT), Jocelito Canto (PTB), Luiz Carlos Martins (PDT), Luiz Fernandes Litro (PSDB), Luiz Nishimori (PSDB), Neivo Beraldin (PDT), Pedro Ivo (PT), Rafael Greca (PMDB), Rosane Ferreira (PV), Wilson Quinteiro (PSB).

Para o professor de Ciências Políticas Ricardo Costa de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o fenômeno do “familismo” é antigo na política paranaense, mas realmente vem aumentando. “A maior bancada da Assembleia hoje não é a de nenhum partido. É a bancada dos ‘juniores’”, afirma o professor, que é autor de um livro sobre o funcionamento das oligarquias políticas no Paraná, O Silêncio dos Vencedores.

Alguns dos novatos têm tradição de várias gerações na política local. É o caso de Pedro Lupion (DEM). Filho do deputado federal Abelardo Lupion (DEM), ele também é bisneto do governador Moysés Lupion. E lembra que a tradição vem de mais longe ainda. “Um de nossos ancestrais é Telêmaco Borba [político do século 19], que foi eleito deputado várias vezes e desbravou esse estado”, diz o novo deputado.

Abelardo Lupion diz que a presença de famílias tradicionias na renovação da Assembleia não é um problema. “Isso é como em toda profissão. O filho do médico normalmente acaba entrando para a medicina. Até porque conviveu com isso a vida toda e já tem uma clientela. No meu caso é a mesma coisa. O Pedro convive há 20 anos com a política e se preparou”, diz.

De acordo com o historiador Marco Antônio Villa, professor de Ciências Sociais na Univer­­sida­­de de São Paulo, o fenômeno da renovação das famílias tradicionais é comum em todo o país e não se restringe a certos partidos. “Hoje isso existe do DEM ao PT. E é em todos os estados, em­bora o Nordeste acabe ficando com a fama. São famílias que ocupam cargos públicos durante décadas para defender um grupo de interesses”, afirma. “O que acontece é uma renovação etária, apenas”, diz.

Na eleição deste ano, duas deputadas eleitas, das quatro mulheres que estarão na Assembleia no ano que vem, também têm vínculos com políticos conhecidos. São a esposa do prefeito de Campo Mourão, Nelson Tureck, a deputada eleita Marla Tureck (PSC); e Rose Litro, que substituirá na Assembleia o seu marido, deputado estadual Luiz Fernandes Litro (PSDB), que não concorreu neste ano. O deputado responde a uma ação por improbidade no Superior Tribunal de Justiça.

Gazeta do povo 05 de outubro de 2010 às 11:03

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