domingo, 4 de abril de 2010

Ratos de eleição estão à solta, por Douglas Furiatti

Colecionadores de cargos abandonam o “barco” para iniciar outra campanha



Agora é oficial, com a renúncia de prefeitos e governadores e a desincompatibilização de secretários das três esferas de poder e de ministros de Estado, cujo prazo se encerra neste sábado, dia 3 de abril, os candidatos que veem a política como profissão estão livres para iniciar mais uma campanha em busca do voto do eleitor Brasil afora.

Como ocorre em cada ano eleitoral, os caçadores de cargos políticos, viciados pelo poder, ratos de eleição, mostram seu desrespeito para com a sociedade abandonando a função ocupada, para a qual foram eleitos. Planos de governo são deixados de lado; promessas de campanha, ignoradas; a confiança do eleitor, traída.

Agora, eles iniciam novamente o processo de convencimento da população sob o argumento de que são as melhores pessoas para ocupar os cargos almejados, que seus planos, suas ideias, suas experiências podem levar à melhoria da sociedade. Em breve, as ruas, as rádios e as televisões estarão tomadas pela velha lengalenga típica de período eleitoral.

Antes de definir seu voto, seria pertinente o cidadão questionar por que votar em alguém que não cumpre seu mandato todo, ou seja, pede o apoio, a confiança do eleitor, e na próxima oportunidade deixará tudo para trás, como se dissesse: “Esqueçam o que planejei, os compromissos assumidos, a esperança depositada em mim. Isso tudo é passado, o que interessa agora são minhas ‘novas’ promessas, meus ‘novos’ argumentos para outra corrida às urnas”.

Vale muito a pena pensar nisso, não se deixar levar pela ânsia de poder de quem não “larga o osso”, não vê na política uma representação transitória. É preciso dizer não nas urnas aos políticos que fazem de seus cargos trampolim político, que não respeitam a população e, na realidade, são viciados pelo poder.

Exemplos não faltam, principalmente no Poder Executivo. Dois casos bem claros disso: o ex-prefeito peessedebista de Curitiba, que renunciou ao seu mandato pela metade; e o também tucano ex-governador de São Paulo, o mesmo que já tinha abandonado o cargo de prefeito da capital daquele estado, ambos pela metade, demonstrando sua incapacidade de cumprir o mandato até o fim, de concluir um “plano de governo”.

Ambos os casos demonstram uma clara gana pelo poder, revelam que fazem tudo e passam por cima de qualquer “obstáculo” para vencer uma eleição, ser eleitos chefes do Executivo. E o pior: sob a alegação de que seus nomes foram definidos pelos partidos, como se eles não tivessem vontade própria, dignidade e consciência para honrar o cargo ocupado.

Há também aqueles políticos “de carreira”, os quais usam o direito constitucional da reeleição para se perpetuar no poder. As Assembleias Legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal têm parlamentares com anos e mais anos de mandato. Não obstante, frequentemente vêm a público escândalos, denúncias e crimes ligados aos ocupantes do Legislativo e Executivo — razões da falta de credibilidade das casas e palácios-sede desses poderes.

Diante disso tudo, é fundamental o eleitor se perguntar se o mais correto não seria tirar do poder as velhas raposas, renovar, acreditar na nova geração sem vícios e com uma visão e forma diferentes de fazer política e representar a coletividade.

* Douglas Furiatti é jornalista e colaborador do MEGAFONE. Críticas, sugestões, dúvidas ou mais informações podem ser endereçadas ao e-mail pessoal do autor: douglasbob@hotmail.com


Fonte: http://megafone.inf.br/modules/noticias/article.php?storyid=1967

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