01 Abril 2012
Adital
A partir do próximo mês de maio, o Ministério da Saúde
iniciará a distribuição do primeiro lote dos 20 milhões de preservativos
femininos adquiridos pelo Governo. Entre muitas resistências que ainda
são obstáculos para o uso popular do meio contraceptivo e preventivo às
Doenças Sexualmente Transmissíveis, grupos feministas defendem a
camisinha feminina como mais uma forma de autonomia para as mulheres.
Um exemplo desses grupos é a Rede Feminista de Saúde de
Pernambuco (RFS-PE). Gigi Bandler, representante da Rede e do grupo
Loucas da Pedra Lilás, em entrevista a Adital, fez críticas ao Governo
em relação à demora pela aquisição dos produtos. "É uma ótima notícia,
pois o custo desse tipo de preservativo é muito alto. É de preço
proibitivo para o SUS [Serviço Único de Saúde], mas seria uma grande
vantagem para o planejamento reprodutivo. Em nosso país, há a carência
de campanhas sobre todos os métodos. A notícia dessa distribuição deve
ser divulgada, pois esse preservativo é um método de barreira à gravidez
e às DSTs bem como de controle corporal. Há muito já esperava a
realização dessa campanha que é uma obrigação do próprio Governo.
Contudo, mais do que o custo, ainda falta o ensinamento para o uso”,
disse.
Pouco utilizada e cercada de tabus, a camisinha feminina
é tão eficaz quanto a versão masculina na prevenção às DSTs. E pode ser
uma aliada das mulheres que se sentem constrangidas ao pedirem que seus
parceiros coloquem o preservativo. Além de ser um símbolo de autonomia
feminina, mostra que é possível se proteger independente da iniciativa
do seu parceiro.
Quanto à postura dos profissionais da área de saúde,
Gigi Bandler analisou: "Estes devem seguir uma postura educativa sobre a
camisinha feminina. Ela requer preparos e deve ser advogada em um
momento educativo, de responsabilidade do SUS para com as usuárias.
Porém, uma das maiores barreiras é o não-conhecimento da mulher com o
seu corpo. O uso dessa camisinha requer preparos e expressa esse
conhecimento corporal. Ainda há a necessidade de profissionais que
estejam sensibilizados a essa questão.”
A respeito da resistência para o uso do preservativo
feminino, Gigi respondeu: "Há, sim, uma resistência ao uso. As mulheres,
em sua maioria, mesmo sem experiência dizem que a camisinha é difícil
de colocar, que não presta. Isso é um preconceito cultural devido ao
fato de aproximar as mulheres do seu próprio corpo, um processo
historicamente negado a elas, pois viviam na condição de submissão aos
homens”.
Entre as vantagens do uso da camisinha feminina, Gigi
também comentou que esta é feita de um látex mais fino do que a
masculina, portanto gera um conforto maior além de deixar a mulher mais
protegida. "Muitos dos métodos contraceptivos geram efeitos colaterais e
lançam no corpo da mulher uma forte carga hormonal. Por causa dessas
dificuldades, as mulheres procuram os métodos definitivos. Porém, o
preservativo feminino é bastante saudável, além de eficaz.”
Outros fatores que levam as mulheres ao uso de métodos
definitivos e à rejeição de métodos contraceptivos de elevadas cargas
hormonais, segundo a entrevistada, é o medo que estas têm de engordar,
de terem sua libido diminuída e também de sentirem náuseas. Aquelas que
têm saúde debilitada e são fumantes não são indicadas ao uso desses
métodos, pois são utilizados muitos hormônios em sua composição.
A população feminina também sofre preconceito e
restrição ao uso desse tipo de preservativo principalmente pelos seus
parceiros. "Em sua maioria, [eles] têm preconceito pelo fato de não
terem preparo para manusear. Também há a desculpa de não obterem prazer
na relação. Por não quererem se responsabilizar pelo corpo delas, os
parceiros entram em conflito. Com o preservativo feminino, as mulheres
se responsabilizam pelo seu corpo e têm domínio sobre ele.”, concluiu
Gigi.
De acordo com o Ministério da Saúde, de 1997 até 2011,
foram distribuídos 16 milhões de preservativos femininos para os 26
estados e o Distrito Federal. A nova aquisição representa um volume 25%
maior do que a quantidade já distribuída no país.
Rede Feminista de Saúde de Pernambuco (RFS-PE)
A Rede incentiva o cuidado e o conhecimento do corpo
feminino pelas mulheres e promove a ideia de que o uso desse tipo de
preservativo as encaminha para uma superação de preconceitos pessoais e
masculinos.
Contato:
Gigi Bandler – 55.81.3429 6707Fonte http://www.feminismo.org.br
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