sábado, 24 de setembro de 2011

Ministério do Trabalho encontra irregularidades em alojamentos de trabalhadores rurais

Os locais ficam em Pardinho e Itatinga

Da Redação / TV Tem

Uma situação que parece inacreditável nos dias de hoje: trabalho com condições sub-humanas. O Ministério Público do Trabalho está fazendo uma fiscalização em fazendas da região de Botucatu e tem constatado as péssimas condições de moradia e de serviço dos rurais. São pessoas que vieram de outros estados em busca de oportunidade na colheita de laranja.

Eles vivem amontoados em casas sem estrutura, com alimentação precária. Na lavoura o drama não é menor. Para piorar eles recebem pouca ou nenhuma remuneração. Os repórteres André Godinho e Gabriel Al Lage estão acompanhando as fiscalizações e estiveram nesta quarta cedo em mais uma das fazendas denunciadas.

Sem forro, os cômodos ficam desprotegidos do vento. Os banheiros internos não têm chuveiro. As paredes estão emboloradas. As camas ficam amontoadas e há sujeira por todos os lados. As poucas coisas da casa, como fogões e geladeiras, vieram por meio de doações. Um pano usado como divisória.

Os familiares dos colhedores de laranja têm medo de falar. Apesar do serviço ser duro e dos baixos salários, essa é a única opção que eles têm. Só para ter uma ideia, em cinco cômodos moram 17 pessoas, entre elas, homens, mulheres e cinco crianças. A situação é ainda pior em Itatinga, onde ficam mais pessoas que vivem da colheita de laranja.

Fiscais do Ministério do Trabalho estiveram nesta terça em uma fazenda pertencente à empresa Cutrale, em Bofete, depois que receberam denúncias de irregularidades. Antes, eles passaram no alojamento administrado por um empreiteiro terceirizado e ouviram dos trabalhadores que chegam a pagar R$12,00 por uma marmita. Os trabalhadores foram trazidos do Maranhão para trabalhar na colheita da laranja.

Dois trabalhadores foram ouvidos na sala do Ministério Público de Itatinga. Em seguida foi realizada uma fiscalização no alojamento. A situação é precária. Mais de 20 homens espalhados por toda a casa.

O prédio é antigo e só tem um banheiro com chuveiro aquecido. Cláudio Rodrigues do Santos deixou a mulher e cinco filhos no Maranhão para ganhar dinheiro em São Paulo, mas por causa de um problema de saúde, até agora não pode trabalhar. Luiz Gonzaga da Silva dos Santos é o mais novo do grupo. Ele deixou a família no norte do país e já se arrependeu. Durante a fiscalização, os responsáveis pelos trabalhadores chegaram no alojamento. Eles discutiram com os fiscais.

Os trabalhadores denunciaram ainda que os empreiteiros obrigaram os homens a pedir demissão. Depois os agentes foram para a fazenda. O local fica há 40 quilômetros do alojamento. Boa parte do trajeto é de estrada de terra.

A equipe não foi autorizada a entrar na fazenda, mas os fiscais do ministério do trabalho constataram que além da reclamação por atraso no pagamento dos salários, durante a colheita, os trabalhadores não têm as mínimas condições de higiene. Fotos feitas pelos fiscais mostram os banheiros improvisados com lona. As pias mal param em pé. Os assentos também são improvisados. Além disso, a empresa será questionada pelas condições do alojamento.

Ministério do Trabalho
Na fazenda, foram encontrados banheiros improvisados (Fotos: Ministério do Trabalho)

Ministério do Trabalho
As instalações são bem precárias

Ministério do Trabalho
Até a pia é improvisada no local

Em nota, a empresa Cutrale, que administra a fazenda mostrada na reportagem, em bofete, nega que a propriedade não tenha banheiros adequados. E que os trabalhadores são registrados e remunerados conforme a média de mercado, sem discriminação. Já sobre o alojamento em Itatinga diz que não há nada de irregular.

htp://tn.temmais.com/noticia/8/54806/ministerio_do_trabalho_encontra_irregularidades_em_alojamentos_de_trabalhadores_rurais.htm

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