segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Basta de covardia

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Ana Dubeux - Correio Braziliense

Foram largos os passos da mulher em direção às suas conquistas. Ano a ano, a participação no mercado de trabalho, inclusive nas posições de comando, aumenta. O grau de escolaridade, idem. Mais organizadas e decididas, menos subordinadas e dependentes, elas avançam nas esferas onde podem atuar de forma ativa e propositiva na sociedade. Apesar disso, ainda são alvos fáceis de homens ciumentos e doentes em suas próprias casas.



Não são apenas vítimas de um sujeito perturbado, que as colocam na condição de objetos e, como tais, passam a ser propriedade privada de alguém. Elas são o alvo mais fácil de uma mentalidade atrasada, mas sempre presente nos argumentos de advogados de réus confessos de violência doméstica. Se a legítima defesa da honra é letra morta para a Justiça, ainda faz sentido para o júri popular composto por pessoas da sociedade. E essa é uma prova inequívoca de que ainda falta muito, mas muito mesmo, para que as mulheres estejam livres de séculos de opressão.

Sim, as delegacias de mulheres foram um passo importante para denunciar homens que ofendem, perseguem, batem, espancam, ferem, matam. É verdade também que a Lei Maria da Penha ajudou a mudar o quadro de total impunidade contra os agressores e assassinos — e precisamos do exemplo e da coragem da própria Maria da Penha para aprovar a lei. Mas tudo isso ainda parece pouco quando vemos nos tribunais mulheres e homens cedendo a apelos fáceis e injustificáveis, tais como “ela provocou”, “ela o levou à loucura”, e por aí vai. Esse é o rito preconceituoso que encontra acolhida nos julgamentos, sobretudo aqueles que não têm tanta repercussão.

A cada duas horas, uma mulher é assassinada no Brasil. Essa estatística é profundamente constrangedora para um país que se propõe a ser uma grande nação. Ao mesmo tempo, é desafiadora ao extremo para a primeira mulher presidente da República. Espera-se que o governo de Dilma Rousseff não limite a atuação no campo das políticas públicas aos votos de protesto contra propagandas aparentemente machistas ou personagens humorísticos. Ainda que essas posturas contribuam para suscitar debates, elas levam a uma discussão secundária, a respeito de censura, do tipo do humor, etc. É preciso direcionar a questão para o que de fato importa. Cuidar da educação para criarmos uma geração de homens livres do machismo é fundamental. O mais urgente, no entanto, é impedir que
qualquer crápula covarde fique impune.

Fonte:http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=1571515236862489559


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